Tarifa de 50% imposta ao Brasil é a mais alta entre os 22 países notificados pelos EUA; medida preocupa indústria, agro e comércio exterior
Brasil recebe a maior porcentagem do tarifaço de Trump – Foto: Reprodução/ND
O Brasil foi o país mais atingido pelas novas tarifas comerciais anunciadas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A medida, revelada nesta quarta-feira (9), impõe uma taxa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para o mercado americano – o maior porcentual entre as 22 nações notificadas até agora. A nova tarifa entra em vigor no dia 1º de agosto.
A lista de países inclui nações como Argélia, Líbia, Mianmar, Filipinas e Coreia do Sul. Mas nenhuma foi tão duramente penalizada quanto o Brasil. As Filipinas, por exemplo, receberam a menor tarifa: 20%. Laos e Mianmar ficaram com 40%. Já o Brasil atingiu o teto: 50%.
Na carta enviada diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Trump justificou a punição como resposta ao que considera um tratamento injusto ao seu aliado Jair Bolsonaro, além de criticar o que chamou de “relações comerciais desiguais” entre os dois países. Segundo o republicano, o Brasil impõe barreiras que dificultam a entrada de produtos americanos e desequilibram o comércio bilateral.
A tarifa de 50% coloca o Brasil no centro de uma crise comercial com os EUA – Foto: Gerado com IA/ND Mais
Trump também mandou abrir uma investigação formal contra o Brasil com base na Seção 301 da Lei de Comércio dos EUA – um dispositivo usado em disputas comerciais com países acusados de práticas desleais.
No entanto, os números mostram uma realidade bem diferente da retórica do ex-presidente: o Brasil acumula 16 anos de déficit na balança comercial com os Estados Unidos, ou seja, compra mais do que vende.
Carta do tarifaço de Trump ao Brasil foi enviada ao presidente Lula – Foto: Divulgação/ND
A medida pegou mal entre representantes do setor produtivo no Brasil. A CNI (Confederação Nacional da Indústria) afirmou que não há justificativa econômica para a taxação e pediu reforço no diálogo entre os governos. A Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) foi mais direta: disse que a tarifa torna a carne brasileira inviável no mercado norte-americano.
A Frente Parlamentar da Agropecuária, que reúne a poderosa bancada ruralista no Congresso, também reagiu. Para o grupo, a tarifa vai encarecer insumos, pressionar o câmbio e comprometer a competitividade do setor. A recomendação é por uma reação “firme e estratégica”, com foco na diplomacia.
Tarifaço de Trump provocou preocupação generalizada entre setores econômicos – Foto: Divulgação/Casa Branca/ND
Já a AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil) classificou a decisão como um ataque político. O presidente da entidade, José Augusto de Castro, afirmou que a tarifa imposta ao Brasil está entre as mais altas já aplicadas pelos EUA e lembrou que medidas desse tipo costumam ser usadas apenas contra “inimigos estratégicos” – o que, segundo ele, nunca foi o caso do Brasil.
Mesmo diante do cenário tenso, a AEB aposta que o bom senso pode prevalecer e defende uma saída negociada para evitar prejuízos ainda maiores à economia brasileira.
Fonte: ND Mais