Nova manobra de Heimlich: o que muda na técnica de desengasgo que salva crianças e adultos
Veja quais são as mudanças e como aplicá-las em bebês, crianças, adultos e gestantes
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As diretrizes da manobra de Heimlich foram atualizadas após 5 anosFoto: Reprodução/ND
A American Heart Association (AHA), referência mundial em reanimação cardiopulmonar, atualizou as diretrizes de primeiros socorros e modificou a manobra de Heimlich, técnica usada em casos de engasgo. A mudança, anunciada na última quarta-feira (22), afeta o atendimento de adultos, crianças e bebês.
Com a nova orientação, a manobra deixa de ser feita apenas com compressões abdominais. Agora, é preciso alternar cinco golpes nas costas (golpes dorsais) e cinco compressões abdominais até que o objeto seja expelido ou a vítima fique inconsciente. O mesmo princípio vale para bebês e crianças, com ajustes importantes na forma de aplicar a força e na área de compressão.
Segundo a capitã dos Bombeiros Carla Andresa, a mudança busca aumentar a eficácia e reduzir o risco de lesões. “Essa mudança pode salvar a vida do seu filho”, enfatiza.
A alternância entre os movimentos deixaram a manobra mais dinâmica, gerando uma pressão mais eficiente nas vias aéreas e aumentando as chances de desobstrução.
Como fazer a manobra de Heimlich depois das mudanças
1. Em adultos
Nos casos de engasgo total, quando a pessoa não consegue falar, tossir ou respirar, a sequência agora é: cinco golpes firmes entre as escápulas, seguidos de cinco compressões abdominais, feitas com movimento em “J”, para dentro e para cima.
“Os movimentos devem ser firmes e vigorosos, sempre com a vítima inclinada para frente”, orienta Carla.
Se a pessoa desmaiar, deve ser colocada sobre uma superfície rígida e receber compressões torácicas rápidas e fortes, com as duas mãos no centro do peito, até a chegada do socorro.
Como fazer a manobra de Heimlich em adultos – Vídeo: Reprodução/Instagram/@carlaandresa.oficial/ND Mais
2. Crianças
Em crianças, o engasgo total também deve ser tratado com a alternância entre cinco golpes nas costas e cinco compressões abdominais. A diferença está na força aplicada e no tamanho das mãos.
“A intensidade deve ser proporcional ao tamanho da criança. Use uma mão para as compressões abdominais e mantenha o corpo levemente inclinado”, diz a capitã.
Caso a criança perca a consciência, é necessário iniciar imediatamente as compressões no centro do peito, com apenas uma mão, até o socorro chegar.
Como fazer a manobra de Heimlich em crianças – Vídeo: Reprodução/Instagram/@carlaandresa.oficial/ND Mais
3. Bebês
As mudanças mais significativas envolvem o atendimento a bebês com engasgo total, quando não há som, tosse ou respiração. A partir de agora, as compressões torácicas devem ser feitas com a base da mão, e não mais com dois dedos.
“O uso da base da mão aumenta a força de ejeção do ar, o que melhora a chance de o objeto ser expelido”, explica Carla Andresa.
A sequência correta é manter o bebê inclinado de bruços, aplicar cinco golpes firmes entre as escápulas e, se não houver melhora, virar o bebê de barriga para cima e aplicar cinco compressões na linha entre os mamilos. O ciclo se repete até que o corpo estranho saia ou o bebê fique inconsciente.
Como fazer a manobra de Heimlich em bebês – Vídeo: Reprodução/Instagram/@carlaandresa.oficial/ND Mais
4. Gestantes
O protocolo para gestantes tem uma regra crucial: nunca realizar compressões abdominais. O movimento correto é o de compressões torácicas (no centro do peito), alternadas com cinco golpes nas costas.
“A compressão abdominal pode causar danos ao útero e comprometer a segurança do bebê. Por isso, as compressões devem ser feitas no tórax, sempre de forma firme e ritmada”, reforça Carla.
Se a gestante perder a consciência, deve ser deitada sobre uma superfície rígida, e as compressões devem continuar no centro do peito até o socorro especializado chegar.
Como fazer a manobra de Heimlich em gestantes – Vídeo: Reprodução/Instagram/@carlaandresa.oficial/ND Mais
Por que a manobra de Heimlich mudou
A American Heart Association revisa suas diretrizes a cada cinco anos, com base em novos estudos e análises de eficácia em atendimentos reais. Segundo a entidade, os testes mostraram que o revezamento entre golpes e compressões aumenta a pressão intratorácica e acelera a desobstrução.
A última grande atualização havia ocorrido em 2020. A revisão de 2025 incorpora evidências recentes e busca padronizar o atendimento em diferentes faixas etárias.
As novas recomendações valem para qualquer situação de engasgo total: em casa, no trabalho ou em locais públicos. A manobra, no entanto, deve ser feita apenas quando a vítima não consegue respirar, falar ou tossir, sinais de que as vias estão completamente bloqueadas.
