Polêmica com os Estados Unidos levanta dúvidas sobre quem criou o Pix, sistema brasileiro de pagamento instantâneo – Foto: FDR/Reprodução/ND

O Pix, meio de pagamento mais usado entre os brasileiros, virou alvo de investigação comercial dos Estados Unidos. Em documento divulgado na terça-feira (15), o governo do presidente Donald Trump acusa o Brasil de “práticas desleais”.

O USTR (Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos) afirma que o Brasil prejudica a competitividade das empresas norte-americanas ao favorecer serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo.

Lançado oficialmente em novembro de 2020, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), o sistema é comumente associado ao ex-presidente, gerando confusão sobre quem criou o Pix.

Trump impõe tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e ordena abertura de investigação comercial – Foto: Reprodução/ND

Na verdade, quem criou o Pix foi o Banco Central, autarquia de natureza especial responsável por manter a estabilidade de preços, fiscalizar o sistema financeiro e gerir a política monetária do país. Os estudos começaram ainda no governo de Michel Temer (MDB).

Quem criou o Pix? Conheça a história do sistema de pagamento mais popular do Brasil

Em quatro anos de operação, o sistema de transferências instantâneas do Banco Central já alcançou mais de 175 milhões de usuários e movimentou R$ 2,677 trilhões.

A ferramenta foi elaborada como um meio de pagamento rápido, prático e seguro, disponível a qualquer hora do dia. As transferências de conta corrente, conta poupança ou conta de pagamento pré-paga são realizadas em segundos.

Pix começou a ser estudado em 2018 pelo Banco Central, sob presidência de Ilan Goldfajn – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil1

As pesquisas para implementação do Pix começaram antes de Bolsonaro chegar ao poder, sob o governo Temer. O Banco Central, à época presidido pelo economista Ilan Goldfajn, instituiu em maio de 2018 um grupo de trabalho chamado “GT – Pagamentos Instantâneos”.

“A gente trabalhou na autonomia. Antes de mim, outros trabalharam. Quem criou a autonomia? O funcionalismo. Quem criou o Pix? Na minha opinião, o Banco Central, o funcionalismo. Não foi fulano ou ciclano”, declarou Ilan Goldfajn em entrevista no mês passado.

Cerca de 130 instituições, entre associações representativas, instituições bancárias, instituidores de arranjos de pagamento, instituições de pagamento, cooperativas, entidades governamentais, infraestruturas do mercado financeiro, fintechs, marketplaces, consultorias e escritórios de advocacia, participaram do grupo de trabalho.

Pix automático é nova funcionalidade lançada em junho pelo Banco Central – Foto: Bruno Peres/Agência Brasil/ND

Já sob gestão de Roberto Campos Neto, o Banco Central divulgou uma consulta pública em abril de 2020 para instituir o Pix. Em agosto, a implementação foi oficializada e passou por fase de testes, até de fato entrar no ar em 16 de novembro.

Ao ser questionado sobre o sistema de pagamentos instantâneos em outubro de 2020, o então presidente Jair Bolsonaro respondeu: “Não tomei conhecimento. Vou conversar esta semana com o Roberto Campos”.

Em agosto de 2022, porém, o Bolsonaro alegou ter sido ele quem criou o Pix, declaração desmentida em nota pelo Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central).

Quem criou o Pix não foi Bolsonaro, apesar do sistema ter sido lançado durante seu governo – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Reprodução/ND

“Tal sistema de pagamento instantâneo foi criado e implementado pelos Analistas e Técnicos do Banco Central do Brasil – ou seja, por servidores concursados de Estado, não pelo atual governante ou por qualquer outro governo”, destacou o sindicato.

O sistema desenvolvido pelo Banco Central foi alvo de fake news em dezembro de 2024. Informações falsas disseminadas nas redes sociais afirmaram que o governo passaria a taxar o meio de pagamento.

A ferramenta segue em desenvolvimento pelo Banco Central. O Pix por aproximação passou a ser oferecido por instituições financeiras em fevereiro deste ano, através do aplicativo do banco ou carteira digital.

O mais novo lançamento é o Pix automático, que começou a funcionar em junho. Com o intuito de substituir o débito automático e facilitar o pagamento de boletos, a funcionalidade permite que o cliente autorize uma única vez a cobrança recorrente de serviços, como contas de água e luz.

Fonte: ND Mais