Carta do presidente Donald Trump levanta suspeita de asilo político a Bolsonaro por “perseguição” da Justiça brasileira
Bolsonaro quer passaporte de volta para “conversar” com Trump sobre tarifa – Foto: Alan Santos/PR/ND
Após a PGR (Procuradoria-Geral da República) pedir a condenação de Jair Bolsonaro (PL) pela tentativa de golpe de Estado, na noite de segunda-feira (14), o ex-presidente reiterou que não planeja uma fuga do país.
“Estou com 70 anos, cheio de problemas de saúde. Como é que eu vou para outro país?”, declarou Bolsonaro em entrevista ao Poder360, na tarde de terça-feira (15).
Em seguida, o ex-presidente reivindicou a devolução do passaporte, apreendido pela Polícia Federal em 8 de fevereiro de 2024. O STF (Supremo Tribunal Federal) já negou o pedido três vezes desde então.
A última tentativa ocorreu em janeiro deste ano, quando o ministro Alexandre de Moraes impediu Bolsonaro de viajar para a posse de Donald Trump, nos Estados Unidos.
Bolsonaro diz que acusação da PGR é “completamente estapafúrdia” e descarta fuga do país – Foto: Poder 360/Reprodução/ND
Em entrevista à CNN Arena na noite de terça-feira, Bolsonaro disse que conversaria com Trump sobre o “tarifaço” sob condição de reaver seu passaporte.
“Me restitua [o passaporte] que eu converso. Quem é o presidente é o Lula, não sou eu”, declarou.
A possibilidade de fuga do país voltou à tona com a carta de Donald Trump ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em que anunciou tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.
Como justificativa, o presidente dos Estados Unidos citou a “caça às bruxas” contra Bolsonaro no Brasil, criticando o julgamento no STF. Ele ainda acusou a Justiça brasileira de censurar plataformas de mídia social americanas.
“A forma como o Brasil tem tratado o ex-Presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma Caça às Bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!”, escreveu Trump.
“Perseguição” da Justiça a Bolsonaro motiva Trump a taxar o Brasil em 50% – Foto: Alan Santos/PR/ND
Diante das declarações, o deputado federal Rogério Correia (PT-MG) pediu, na última quinta-feira (10), que o ministro Alexandre de Moraes determine a prisão preventiva de Bolsonaro por risco de fuga do país.
O parlamentar argumenta que as declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “criam uma narrativa internacional para justificar um eventual pedido de asilo político por parte de Jair Bolsonaro”.
Para solicitar asilo político nos Estados Unidos, o ex-presidente deve estar em solo americano e apresentar fundamentação, como o medo de retornar ao país de origem por perseguição política. O passaporte de Bolsonaro, porém, segue apreendido, o que dificultaria a fuga do país.
PGR pediu condenação de Bolsonaro, mas não solicitou prisão preventiva – Foto: Divulgação/ND
Moraes ainda não se manifestou sobre a solicitação de prisão de Bolsonaro e não há previsão de qualquer ordem judicial. Havia ainda a possibilidade do procurador-geral da República, Paulo Gonet, pedir a medida no parecer entregue ao STF, o que não ocorreu.
Para embasar o risco de fuga do país, Rogério Correia menciona o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), “filho 03” que se licenciou da Câmara e está nos Estados Unidos desde fevereiro.
Ele é investigado por coação no curso do processo, obstrução de investigação e abolição violenta do Estado democrático de direito. Eduardo ainda é suspeito de conspirar contra o Brasil em interlocução com o governo Trump.
PT entrou com pedido de cassação do mandato de Eduardo Bolsonaro por “afronta explícita à soberania nacional” – Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
A deputada Carla Zambelli (PL-SP) também foi citada no pedido de prisão de Bolsonaro. Ela foi condenada pelo STF a dez anos de prisão por invadir o sistema eletrônico do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
Zambelli executou a fuga do país em 25 de maio e teve a prisão decretada em 4 de junho, sendo considerada foragida. Ela se encontra na Itália, onde tem cidadania, e foi incluída na lista de procurados pela Interpol.
Fonte: ND Mais