A Organização das Cooperativas de SC (Ocesc) comemora 50 anos de história no próximo sábado (28). A entidade Ocesc é uma das mais atuantes organizações estaduais e representa cooperativas de crédito, de produção, de consumo, de transportes, de infraestrutura, entre outros. Em Santa Catarina, o setor cooperativista movimenta cerca de R$ 50 bilhões por ano.
Em entrevista, o presidente da Ocesc, Luiz Vicente Suzin, analisa o atual estágio, os desafios e as perspectivas do cooperativismo catarinense:
Qual a principal conquista do cooperativismo catarinense nesses 50 anos de existência e funcionamento da Ocesc?
Suzin – A principal conquista foi convencer as pessoas a se unirem em prol de objetivos comuns, o cooperativismo. A Ocesc sempre desfrutou de muita credibilidade na sociedade, e esse é seu maior papel. Com muito trabalho e persistência as pessoas foram se associando em cooperativas dos mais diversos ramos de atividade e perceberam que elas podem gerir seus negócios e partilhar os resultados.
Qual é o tamanho do cooperativismo catarinense?
Suzin – Segundo dados consolidados de 31 de dezembro de 2020, as 251 cooperativas registradas na Ocesc tiveram receita/ingressos totais de R$ 49,8 bilhões, gerando 73 mil empregos diretos e 3,2 milhões de associados.
Como o senhor avalia o crescimento do cooperativismo catarinense?
Suzin – O crescimento das cooperativas pode ser separado em duas vertentes: o crescimento pelo planejamento e pela visão de longo prazo e o crescimento pelas oportunidades de curto prazo. O cooperativismo vem se consolidando, ao longo dos anos, independentemente de fatores políticos e crises políticas, em função do planejamento e da execução assertiva com visão de longo prazo. Investimento na profissionalização da gestão das cooperativas e dos empregados em nada deixa a desejar para qualquer empresa não cooperativa tida como referência no mercado. A pandemia de Covid-19 representou, para algumas atividades em que as cooperativas atuam, uma oportunidade de crescimento acima daquilo que poderia ser planejado. Demandas específicas deram um impulso, especialmente, para as cooperativas que atuam no agro, na saúde, no consumo e na infraestrutura.
A juventude está engajada no cooperativismo? O que os jovens representam para o cooperativismo?
Suzin – Atualmente, uma faixa de 18% da população brasileira é formada por jovens e por isso temos que apostar neles. Com base nessa realidade estamos trabalhando em cima do quinto princípio: educação, formação e informação. Os jovens representam a continuidade do cooperativismo, portanto é neles que devemos acreditar e investir.
Qual a importância das mulheres no desenvolvimento das cooperativas?
Suzin – Incluir as mulheres na sociedade está na essência das cooperativas. Não se trata de um modismo, as cooperativas sempre deram esta oportunidade. Apenas, cada vez mais, as mulheres estão preparadas para desempenharem funções que no passado estavam mais distantes, até por questões culturais. O fenômeno da urbanização e universalização da educação propiciou oportunidade às mulheres terem a independência econômica.
Quais as prioridades da Ocesc para o futuro?
Suzin – A Ocesc tem as suas funções definidas em lei, de forma que não tem muito espaço para ‘criatividade’. Nossa prioridade é continuar defendendo o modelo societário para que ele seja reconhecido e tratado de forma justa pelos governos e reconhecido pela sociedade como entidades comprometidas com as questões sustentáveis e integrativas. Uma coisa é certa, a Ocesc continuará a ser guardiã do modelo societário, princípios e valores do cooperativismo, bem como preservará a imagem e credibilidade do Sistema. Em parceria com o Sescoop/SC, entidades congêneres e as próprias cooperativas, continuará o trabalho de capacitar dirigentes e empregados criando um ambiente profissional capaz de manter vínculos locais permanentes.
Quais os atuais desafios que o cooperativismo se impõe?
Suzin – Os desafios dependem do ramo de atividade que a cooperativa atua. Para algumas, pode ser a necessidade de recursos financeiros para expansão de indústrias, hospitais, lojas. Para outras, é a limitação regulatória, e assim vai. Contudo, um dos principais desafios do cooperativismo é o de continuar a atrair pessoas para o modelo de negócio coletivo. Numa sociedade de consumo volátil e movida por necessidade de consumo de curto prazo e oferta abundante de produtos e serviços, será um grande desafio para os idealizadores e gestores cooperativistas captarem essas tendências para manterem fidelizado o associado por um propósito comum.
Fonte: RCN