Economista projeta efeitos otimista, moderado e pessimista para emprego, renda e qualidade de vida diante do tarifaço norte-americano
Três cenários para os efeitos do tarifaço em Joinville e Jaraguá do Sul – Foto: Divulgação/Prefeitura de Jaraguá do Sul/ND
O tarifaço imposto pelo governo Trump sobre produtos brasileiros pode reduzir de 2% a mais de 10% o poder de compra dos trabalhadores de Joinville e Jaraguá do Sul, as 20 cidades mais atingidas do Brasil, dependendo do cenário. A estimativa é da economista Eliane Martins, que analisou os possíveis efeitos da medida nas economias locais.
As duas cidades têm estruturas produtivas industriais integradas a cadeias globais e com forte peso das exportações para os Estados Unidos, 14% no caso de Joinville e 9% em Jaraguá do Sul. Motores, peças automotivas, máquinas e equipamentos metalmecânicos estão entre os principais produtos enviados, setores diretamente atingidos pelas tarifas adicionais.
Para Eliane, a magnitude dos impactos vai depender da capacidade de reação das empresas. “O cenário otimista considera que as empresas consigam redirecionar parte das exportações para outros mercados, limitando as perdas para menos de 5% nas vendas externas”, explica.
Nesse caso, o poder de compra cairia entre 2% e 3%, com ajustes pontuais e impacto baixo no comércio e serviços.
Tarifaço pode afetar a geração de emprego no Norte de SC – Foto: Reprodução/Banco de Imagens/ND
Já no cenário moderado, a perda projetada é de 10% a 15% das exportações para os EUA, com dificuldade para substituir totalmente o mercado. “Haveria redução de 5% a 7% no poder de compra médio, com cortes em despesas não essenciais e maior cautela nos gastos”, afirma a economista. A retração afetaria o comércio e poderia gerar demissões moderadas.
No cenário pessimista, a queda pode chegar a 20% ou 25% das exportações, atingindo especialmente empresas âncora dos setores de metalurgia, máquinas e autopeças.
“Nesse caso, o poder de compra teria redução de 10% ou mais, com aumento do endividamento e cortes até em itens antes considerados básicos”, detalha Eliane. O efeito seria uma retração forte no comércio e serviços, com alta relevância no desemprego.
Tarifaço de Trump entrou em vigor na última semana com taxa de 50% para o Brasil – Foto: Divulgação/Casa Branca/ND
Apesar das preocupações, Eliane vê uma oportunidade para reorientar estratégias. “O tarifaço traz uma boa oportunidade para se deixar de lado a dependência comercial e focar na diversificação de mercado”, avalia.
Segundo ela, buscar novos destinos e reduzir a vulnerabilidade externa pode ser um caminho para preservar empregos e renda no longo prazo.
Fonte: ND Mais