Embora abaixo do esperado, a inflação de julho apresentou alta de 0,26%, com a conta de luz mais uma vez no papel de vilã para o bolso dos brasileiros
Inflação de julho sobe puxada pela energia elétrica – Foto: Marcos Santos/usp imagens/Fotos públicas/ND
Embora tenha ficado abaixo das expectativas do mercado, a inflação oficial em julho avançou 0,26%, puxada pela tarifa da energia elétrica residencial, que aparece como a principal vilã no resultado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta terça-feira pelo IBGE. Desde o início do ano, a energia ficou 10,18% mais cara para o consumidor, a maior variação para este período desde 2018, quando chegou a 13,78%.
Mesmo assim, os números trazem um certo “alívio”, principalmente para a equipe econômica, às voltas com as contas na tentativa de reduzir custos e manter o ajuste fiscal. Pelo menos foi o que disse o economista da Universidade de Brasília, Newton Marques, ao ND Mais.
Newton Marques lembra que a projeção do mercado financeiro era de alta próxima de 0,35,%; e o resultado pode influenciar na taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia brasileira, e serve como referência para todas as outras taxas do país, como as de empréstimos e financiamentos, além de influenciar o rendimento de investimentos.
Relatório Focus revisa Selic de 2025 para baixo; EQI ainda vê chance de lucro de 18% ao ano – Foto: selic-copom-btg-1920×1080
“De certa forma alivia as pressões sobre manter a taxa Selic tão elevada, porque essa questão é transitória e não deve contaminar os demais preços da economia”, pontua o economista, professor da Universidade de Brasília. A taxa Selic está atualmente em 15% ao ano, e foi definida na última reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM).
O economista Roberto Piscitelli, reforça o entendimento. Para ele, o IPCA de julho, ligeiramente superior ao mês passado “não interrompe necessariamente a trajetória de queda. Ficou bem abaixo das estimativas do mercado e muito abaixo do mês correspondente do ano passado. Nada que possa comprometer a expectativa de queda da Selic”, conclui.
Para o deputado Maurício Marcon (Pode-RS), apesar de parte do governo poder até “comemorar” o IPCA de 0,26% como um índice bom, por estar abaixo das expectativas, as perspectivas para os próximos meses não são tão boas quanto pode parecer.
O parlamentar lembra que a própria Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) elevou para 6,3% a projeção de aumento das tarifas de energia elétrica em 2025. O índice ficou acima da previsão de inflação para este ano, que é de 5,05%, conforme divulgado no boletim InfoTarifa. “A incompetência radical de Lula cobra seu preço também no aumento radical da conta de luz”, afirma o parlamentar gaúcho.
May 19, 2022, Brazil. An electricity bill (electricity), indicating the monthly consumption of 175 kilowatt-hours (kWh), with banknotes and coins of the Brazilian Real – Foto: Getty Images/ND
Segundo a Aneel, a mudança de estimativa se justifica principalmente pelos valores homologados da Conta de Desenvolvimento Energético, que teve orçamento aprovado em 8 bilhões e 600 milhões de reais, maior do que o previsto.
O boletim também apresenta o histórico da tarifa média residencial e informações sobre as bandeiras tarifárias dos últimos três meses: em maio, foi amarela, com custo adicional de R$ 1,88 a cada 100 quilowatts-hora consumidos; e em junho e julho, foi vermelha patamar 1, com custo adicional de R$ 4,46.
Neste mês de agosto, o acionamento da bandeira vermelha, patamar 2, significa que as contas de energia terão adicional de de R$ 7,87 para cada 100 quilowatts-hora consumidos.
Fonte: ND Mais