Brasil aposta no diálogo para reverter decisão, que pode provocar um impacto direto na receita nacional
Após uma série de reviravoltas, os Estados Unidos dão início, nesta quarta-feira (12), à taxação sobre aço e alumínio importados em 25%. A medida afeta o Brasil, que atua como grande exportador de metal para o país. Com isso, a fim de evitar futuros prejuízos, o governo brasileiro tenta diálogo com o governo de Donald Trump.
Esta não é a primeira vez que o republicano impõe taxas a produtos estrangeiros. No seu primeiro mandato, Trump determinou o aumento das tarifas dos metais após o secretário de Comércio dizer que as importações de aço e alumínio estavam prejudicando a segurança nacional norte-americana ao “enfraquecer” a economia interna.
Na época, como retaliação, vários parceiros comerciais devolveram as taxas, mas algumas acabaram suspensas após negociações, casos de Canadá, México e Austrália. As tarifas persistiram durante o governo de Joe Biden, que concedeu uma suspensão temporária de tarifas à Ucrânia, estendida para expirar após 1º de junho de 2025.
Entre 2018 e 2021, quando as tarifas sobre os metais foram impostas, o aço sofreu um aumento de 2,4%, e o alumínio, de 3,6%, informou a Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos. Apesar dos adiamentos em outras tarifas, a Casa Branca confirmou, na terça-feira (11), a manutenção da taxação sobre aço e alumínio.
“De acordo com suas ordens executivas anteriores, uma tarifa de 25% sobre o aço e o alumínio, sem exceções ou isenções, entrará em vigor para o Canadá e todos os nossos outros parceiros comerciais à meia-noite de 12 de março”, disse o porta-voz Kush Desai, a respeito da taxação sobre aço.
Os Estados Unidos são o principal mercado para o aço semifaturado brasileiro. Em 2023, foram exportados US$ 2,8 bilhões (R$ 16,29 bilhões, na cotação atual) em aço e US$ 900 milhões (R$ 5,24 bilhões, na cotação atual) em alumínio para o país.
Para o Brasil, os Estados Unidos ocupam o segundo lugar entre os principais parceiros comerciais. Em 2024, por exemplo, os americanos exportaram e importaram o equivalente a US$ 40,3 bilhões e US$ 40,5 bilhões, respectivamente.
No caso do país norte-americano, México, Canadá e China são os principais parceiros comerciais do país. Entretanto, o Brasil ainda se destaca no ranking das 15 maiores nações que mais fazem acordo com os americanos, principalmente no quesito das exportações.
Nessa segunda-feira (10), o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), afirmou que o Brasil não é um “problema” para os Estados Unidos no contexto da taxação sobre aço e alumínio impostas pelo governo norte-americano. Segundo ele, a relação comercial entre os países é superavitária para os EUA, ou seja, eles exportam mais do que importam.
Na semana passada, Alckmin conversou, por videoconferência, com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, e o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer. O vice-presidente disse que o governo federal aposta no “diálogo” com os Estados Unidos para evitar taxação sobre aço e outros produtos brasileiros.
A União Europeia anunciou, nesta quarta-feiram, medidas de retaliação contra a política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no mesmo dia que passou a valer a taxação sobre aço e alumínio importados pelos norte-americanos.
“Como os Estados Unidos estão aplicando tarifas no valor de US$ 28 bilhões, estamos respondendo com contramedidas no valor de 26 bilhões de euros (US$ 28 bilhões)”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em um comunicado.
A partir do dia 1º, os europeus vão retomar a taxação sobre aço e o alumínio produzidos nos Estados Unidos, que vigorou entre 2018 e 2020, com um impacto de cerca de 8 bilhões de euros (US$ 8,6 bilhões). Outras tarifas, que serão definidas em consultas aos 27 membros do bloco continental, passarão a valer no dia 13 de abril, em um total de 18 bilhões de euros (US$ 19,4 bilhões).
Além da taxação sobre aço e alumínio, os itens que poderão ser atingidos na segunda etapa são produtos têxteis, artigos de couro, eletrodomésticos, ferramentas domésticas, plásticos e madeira, além de produtos agrícolas, como aves, carne bovina, frutos do mar, nozes, ovos, açúcar e vegetais, de acordo com o comunicado.
*Com informações do R7 e Estadão Conteúdo.
Fonte: ND Mais